quarta-feira, 29 de agosto de 2012

alguém acordado por aqui?

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

demasiado tempo depois, estou novamente a fazer o gosto ao cérebro :)

"A viagem não teve história, é o que sempre dizem os narradores apressados quando julgam poder convencer-nos de que nos dez minutos ou dez horas que vão fazer sumir nada sucedeu que merecesse menção assinalável. Deontologicamente, seria bem mais correcto, e outra lealdade, dizer assim, Como em todas as viagens, sejam quais forem duração e percurso, aconteceram mil episódios, mil palavras, mil pensamentos, e quem disse mil diria dez mil, mas o relato já vai arrastado, por isso tomo licença de abreviar, usando três linhas para andar duzentos quilómetros, fazendo de conta que quatro pessoas dentro de um automóvel viajaram caladas, sem pensamento nem movimento, fingindo elas, enfim, que da viagem feita não fizeram história. Neste nosso caso, por exemplo, seria impossível não encontrar alguma significação no facto de ter Joana Carda, com toda a naturalidade, acompanhado José Anaiço quando ele foi ocupar o lugar de Joaquim Sassa, a quem apeteceu descansar do volante, e de, não se sabe por que ginásticas, ter ela conseguido acomodar o pau de negrilho à frente, sem embaraço para a condução nem prejuízo da visibilidade. E torna-se agora inútil dizer que ao voltar José Anaiço para o banco de trás foi Joana Carda com ele, e assim passou a ser sempre, onde estava José, Joana estava, embora nenhum deles, por enquanto, saiba dizer porquê e para quê, ou, sabendo-o já, não se atreveriam, cada momento tem o seu sabor próprio, e o deste ainda não se esgotou."

in A Jangada de Pedra, de José Saramago

quinta-feira, 7 de maio de 2009

o peso da diferença entre motivação, pressão e obrigação

dava mais uma tese se me apetecesse escrever alguma...

domingo, 23 de novembro de 2008

Pai Natal, o meu presente,
eu queria que fooosse,
um concerto da Tracy Chapman,
um concerto da Tracy Chapman,
la la la la laaaaaaaaa

sábado, 15 de novembro de 2008

para ler, ver e digerir.

sábado, 23 de fevereiro de 2008

estou tão feliz como se fosse minha! acho que isso diz tudo. durmam bem ;)

segunda-feira, 26 de novembro de 2007

Foi no Domingo passado que passei
à casa onde vivia a Mariquinhas,
mas 'stá tudo tão mudado
que não vi em nenhum lado
as tais janelas que tinham tabuinhas.

Do rés-do-chão ao telhado
não vi nada, nada, nada
que pudesse recordar-me a Mariquinhas,
e há um vidro pregado e azulado
onde havia as tabuinhas.

Entrei e onde era a sala agora está
à secretária um sujeito que é lingrinhas,
mas não vi colchas com barra
nem viola, nem guitarra,
nem espreitadelas furtivas das vizinhas.

O tempo cravou a garra
na alma daquela casa
onde às vezes petiscavamos sardinhas
quando em noites de guitarra e de farra
estava alegre a Mariquinhas.

As janelas tão garridas que ficavam
com cortinados de chita às pintinhas
perderam de todo a graça
porque é hoje uma vidraça
com cercadura de lata às voltinhas.

E lá p'ra dentro quem passa
hoje é p'ra ir aos penhores
entregar ao usurário umas coisinhas,
pois chega a esta desgraça toda a graça
da casa da Mariquinhas.

P'ra terem feito da casa o que fizeram
melhor fora que a mandassem p'rás alminhas,
pois ser casa de penhores
o que foi viveiro d'amores
é ideia que não cabe cá nas minhas.

Recordações do calor
e das saudades o gosto
que eu vou procurar esquecer
numas ginginhas,
pois dar de beber à dor é o melhor,
já dizia a Mariquinhas.

(na voz Da Amália)